Ao longo dos anos que passou servindo no exército, Katerina esteve em muitas situações em que pessoas normais ficariam totalmente chocadas e perderiam seus sentidos. No entanto, ela teve que se controlar para ter a calma para dar as ordens, como se esperava de alguém no comando.

Assim, mesmo nessa situação, seus instintos de comandante entraram em ação.

Primeiro, colocando discretamente a mão no bolso, Katerina verificou a ferramenta mágica para ver se havia comunicação bidirecional.

Percebendo que foi projetado apenas para receber mensagens, ela o deixou no bolso antes de avaliar tudo o que sabia.

Olhando em volta, ela observou os movimentos da ex-Rainha, que estava ao seu lado.

Os olhos de Eldara estavam fixos na garotinha Elfa, e parecia haver algo na palma de sua mão que ela parecia estar movendo levemente. No entanto, embora Katerina estivesse tão perto, ela não poderia dizer conclusivamente se era realmente algum tipo de objeto.

Pensando na mensagem que ouvira, ela percebeu que a voz tinha um certo senso de confiança; como se tudo estivesse sob o controle do orador.

Katerina já havia ouvido esse tom antes, mas era apenas de pessoas que estavam no auge do poder ou nos mais altos escalões de comando.

A partir dessa informação, Katerina sabia que algum plano estava se desenrolando e no qual ela havia sido lançada sem sua permissão.

Embora ela se sentisse um pouco descontente com isso, ela teve que admitir que a pessoa que estava no controle certamente fez sua pesquisa e pensou em tudo antes de entrar em contato com ela.

Mesmo que suas fortes tendências individualistas geralmente não permitissem que ela fosse coagida a fazer algo, ela tinha um senso de dever igualmente forte que definitivamente a levaria a seguir a mensagem, pois até mesmo o risco de que aquelas crianças morressem se ela não agisse, a estimulava à ação.

Estreitando os olhos em fendas, Katerina ficou totalmente alerta antes de começar a se aproximar da ex-Rainha de Eldinor.

Ela sabia que só teria uma chance e não tinha a menor intenção de desperdiçá-la.

…

Enquanto isso, a história assustadora da garotinha Elfa estava lentamente chegando ao fim.

Depois de falar inocentemente sobre tudo o que suportou até agora, Lizzie encerrou seu discurso com estas palavras:

“Meus irmãos e irmãs ainda estão esperando lá, e eles estão muito assustados. Timmie já deve ter se sujado por esperar tanto tempo. Por favor, salve-os. Por favor, não deixe a caixa explodir como os guardas sempre nos ameaçam. Por favor.”

No final, sua voz se transformou em soluços, pois ela não pôde deixar de pensar em todos aqueles que esperavam na esperança de que voltassem para seus pais.

Vendo as lágrimas escorrendo pelas bochechas adoráveis de Lizzie, muitos na multidão não puderam deixar de refletir a mesma emoção.

Nesse caso, não ter experiência, na verdade, favoreceu a garotinha Elfa, pois permitiu que ela falasse com o coração.

Isso permitiu que todos os ouvintes se imaginassem facilmente no lugar dela.

Metal gelado em volta do pescoço, tão apertado que muitas vezes eles não conseguiam respirar direito.

Dormir em colchões frios e duros na escuridão absoluta e rezar para que não esfriasse.

Aconchegando-se para se aquecer quando ficava frio, pois não tinham cobertores para usar.

Essas condições de vida horríveis não podiam ser vistas nem mesmo nas prisões administradas pelo governo.

“Monstro!”

“Demônio!”

“Morte aos traficantes de escravos! Salve as crianças!”

Depois que Lizzie parou de falar, a multidão não permaneceu silenciosa.

Com lágrimas em seus rostos e raiva sem limites brilhando em seus olhos, o povo de Eldinor clamava por vingança.

O que antes era raiva transformou-se completamente em fúria por causa da história sincera de uma garotinha.

Na verdade, ao ouvir tudo, a própria Eldra se viu chorando e sem palavras.

Olhando em volta para ver a mulher responsável por tudo, a raiva apareceu em seu rosto novamente, vendo Eldara com lágrimas nos olhos.

Com uma expressão de total tristeza, a ex-Rainha de Eldinor olhava constantemente para Lizzie enquanto enxugava os olhos das lágrimas que apareciam incessantemente sobre eles.

Embora Eldra sentisse que estava sendo consumida pela raiva ao ver isso, ela seguiu as instruções de Daneel: certificando-se de ficar calada, ela observou para ver se a estimativa do Rei de Lanthanor estaria correta.

…

Atuar foi uma das primeiras habilidades aprendidas por Eldara durante seu treinamento para assumir a família em sua infância. Na verdade, ela ainda se lembrava das chicotadas que suportava quando não era rápida o suficiente para atender às expectativas da própria mãe.

Assim, neste momento, foi moleza fazer-se parecer com alguém que foi tão afetado pela história que nem conseguia falar.

Claro, foi ela quem decidiu todos os detalhes. Os outros sugeriram que instalassem banheiros e camas adequados, mas Eldara havia decretado que essas condições quebrariam a mente e vontade dos pequeninos, tornando-os mais valiosos quando chegasse o momento da venda.

Afinal, para ela, eles eram apenas ativos. Ela não poderia se importar menos com o que eles sentiam. Tudo o que ela queria era um pagamento alto que financiaria sua campanha eleitoral por muitos anos.

‘É hora de acabar com essa farsa’, ela pensou antes de decidir dar o golpe final em sua ingênua filha.

Nesse momento, ela não pôde deixar de suspirar, pois, embora tivesse dado a Eldra todo o treinamento que pudesse imaginar, ela havia negligenciado treiná-la na única coisa mais exigida de um governante: crueldade.

Foi essa crueldade que permitiu que ela permanecesse no trono por tanto tempo.

E foi essa crueldade que garantiria que ela venceria novamente.

Olhando em volta, ela notou que a fúria das pessoas estava chegando ao ponto de ebulição devido à tristeza causada pela história que ouviram.

Neste momento, o que aconteceria se o armazém explodisse?

Apenas uma história causou tanta angústia. O que invocaria a visão de centenas de pequenas partes de corpos carbonizados no chão?

Caos.

E uma determinação implacável de pegar os responsáveis.

Com o armazém explodindo, a última prova que a ligava a tudo isso desapareceria com as chamas.

Depois disso, a única prova restante seria aquela contra Eldra.

Para as pessoas cegas de raiva, bastava um leve estímulo. Além disso, Eldra ainda não havia feito nada para mudar sua impressão, exceto, de alguma forma, produzir um dos elfos que havia sido sequestrado.

Este ponto em si poderia se voltar contra ela. E se surgisse a acusação que Eldra havia planejado tudo, usando um Elfo sequestrado para irritar a multidão e depois explodir o armazém após plantar provas falsas de que Eldara era a responsável por tudo? O fato de que ela havia conseguido salvar pelo menos um Elfo a colocaria em terreno positivo, e a evidência ‘falsa’ apontaria a multidão para Eldara.

Claro, Eldara seria quem plantaria essa falsa evidência, que ela poderia usar para ‘expor’ o plano de Eldra para o povo, resultando em sua vitória nas eleições sem nenhum esforço!

Embora ela ainda não soubesse exatamente qual era o plano real de sua filha, Eldara sentiu que esse plano dela era infalível. Não haveria mais nada que a ligasse a qualquer crime, e ela teria uma maneira de incriminar decisivamente sua filha. Afinal, não era como se fosse a primeira vez que ela fazia algo assim. Foi ela mesma quem enviou informações a uma determinada organização de notícias que difamou a si, mas ela ‘expôs’ isso ao público depois de provar que era errado direcioná-los a ela e afastar os eleitores daqueles concorrentes ‘desprezíveis’ que usavam tais métodos.

Claro, todo o seu pensamento e planejamento foi levando em conta a suposição de que ninguém  o suficiente para desarmar as salvaguardas aparecesse.

Os colares precisavam de alguém no auge do Nível Guerreiro para desativá-los, e a bomba era mais difícil de todas: exigia uma potência de Nível Campeão para ser desativada.

Não havia ninguém nesses níveis em toda Angaria Central, portanto, Eldara não pensou muito ao planejar, acreditando que a fuga de um escravo foi puro acaso. Afinal, se alguém assim interferisse e todos os escravos tivessem fugido, o Governo já estaria investigando completamente a cena do crime. Embora tivesse sido o mais cuidadosa possível, não podia dizer com certeza que não havia mais nada que a ligasse ao crime, especialmente se o Governo tivesse acesso à prisão. Esta foi a razão pela qual ela instalou a última salvaguarda em primeiro lugar. Agora, ao ativá-lo ela pelo menos tinha uma chance de escapar impune, e era a última opção disponível para ela.

Assim, sem pensar em todas as vidas que seriam ceifadas, Eldara começou a apertar o botão do medalhão que ela estava segurando esse tempo todo.

Ao fazer isso, ela preparou mentalmente o discurso que plantaria as sementes da discórdia no povo, fazendo-os suspeitar que Eldra era a responsável por tudo isso.