Ao ouvir sua filha dizer essas palavras, a ex-Rainha de Eldinor primeiro ficou tentada a ordenar aos guardas do armazém que verificassem novamente.

No entanto, ela controlou esse desejo, pois sabia que era impossível alguém se infiltrar e arrebatar uma criança neste curto espaço de tempo.

Como alguém que adorava ser meticulosa, a ex-Rainha estava bem ciente dos nomes de todas as crianças elfas que estavam atualmente detidas no armazém.

Claro, sua meticulosidade também fez com que ela tomasse cuidado para não ser vista ou ouvida de qualquer maneira pelas crianças elfas em cativeiro.

Assim, dizendo a si mesma que não poderia estar ligada ao crime de forma alguma, Eldara se acalmou antes de se perguntar se sua filha era esperta o suficiente para trazer um inocente para o local.

Ao ouvir as palavras de Eldra, outras três pessoas também tiveram reações distintas, diferentes da perplexidade dos demais.

Dentre eles, um foi a garotinha elfa que se encolheu um pouco no homem atrás dela quando ela foi olhada por Eldra.

Os outros dois eram um casal de elfos, que haviam sido dos mais veementes quando se tratava de denunciar Eldra.

Neste momento, ao ouvir o nome que sempre esteve em sua mente e coração, o casal congelou antes de tentar, freneticamente, descobrir para onde Eldra estava olhando.

Infelizmente, a multidão era muito densa e eles não podiam dar uma olhada.

“Garotinha, lembre-se, todos os seus irmãos e irmãs dependem de você. Você tem que falar claramente no palco, certo?”

Essas palavras foram ditas por Olfax, que atualmente estava disfarçado como um homem careca com um rosto gentil. Ao ouvir suas palavras, a garotinha assentiu com determinação, derretendo o coração de todos aqueles que estavam ao seu redor e que se viraram para ver o pequeno elfo quando perceberam que Eldra estava olhando em sua direção.

De fato, crianças elfas eram adoráveis demais para serem ignoradas. Com pequenas orelhas pontudas, Lizzie tinha algumas sardas nas bochechas que só aumentavam a sensação de fofura que emanava dela. Nariz pequeno e pontudo, lábios adoráveis e bochechas das quais ninguém conseguia tirar as mãos faziam quase todos aqueles que a viam sorrir.

Sorrindo ao ver o aceno, Olfax saiu do lado de Kellor e começou a caminhar em direção ao palanque. A dupla já havia se preocupado em ficar perto da frente, fazendo com que demorassem alguns minutos para chegar ao cordão de isolamento que separava a multidão e o palanque.

Vendo os dois chegarem, os soldados que estavam em alerta máximo olharam para o velho elfo no palco em busca de ordens. Percebendo isso, Olfax observou para si mesmo que, provavelmente, ele não era apenas um simples locutor como todos pensavam.

Como o velho elfo assentiu depois de alguns momentos, Olfax e a pequena elfa foram autorizados a subir no palco depois de serem verificados novamente em busca de ferramentas mágicas.

Após a verificação minuciosa durante a qual apenas sussurros soaram na multidão e nos candidatos, a pequena elfa finalmente alcançou Eldra e sorriu antes de ser levantada e segurada.

“Lizzie!”

“Querida! Onde você esteve?!”

Os gritos dos dois elfos foram tão altos que finalmente permitiram que todos entendessem e aceitassem quem era essa garota.

Ela era… realmente alguém que havia sido sequestrada?

Como a revelação fez que muitos ficassem sem palavras, a ex-Rainha de Eldinor rangeu os dentes enquanto tentava descobrir o que estava acontecendo.

Este era realmente um dos pequenos elfos que havia sido mantido em cativeiro? Então por que diabos os guardas não relataram nada?!

Eldra não lhe deu chance de pensar mais, dizendo: “Lizzie, sei que você é a mais corajosa de todos aqueles que estão esperando para voltar para suas mães e pais na prisão em que você foi mantida por quase um ano. Você pode me dizer como foi?”

Com outro aceno de cabeça e um aceno adorável para os seus pais que estavam apenas chorando silenciosamente de felicidade por ver sua filha viva, Lizzie começou a falar sobre os horrores da prisão.

Com uma voz inocente, que derreteu o coração de quem ouviu, Lizzie começou a detalhar sua vida nos últimos meses.

Todas as manhãs, uma pilha de comida era trazida pelos guardas, que pareciam não se importar se todos estavam bem alimentados. A comida era sempre simples e a quantidade não era suficiente, fazendo com que meninos e meninas elfos tivessem que se acostumar a esquecer a sensação de estar cheio.

Os poucos banheiros abertos raramente eram limpos, fazendo com que cada criança aprendesse a ser o mais higiênica possível, pois qualquer contratempo faria com que todo lugar cheirasse pior do que de costume.

Como cada detalhe horrorizou aqueles que estavam ouvindo, Olfax passou discretamente por Eldra, esbarrando nela antes de se aproximar do outro lado do palco.

A configuração do palco era tal que o pódio em que Eldra e Lizzie estavam ficava na esquina, enquanto os candidatos ficavam lado a lado um passo atrás.

Ao passar pelos candidatos para sair do palco, ele aparentemente escorregou e caiu perto de Katerina, que assistia a tudo com uma expressão de incredulidade.

Quando ela se levantou essa manhã, ela nunca esperou em seus sonhos mais loucos que estaria ouvindo as experiências de um escravo elfo que estava prestes a ser vendido.

Com o foco distraído pelo homem que caiu na sua frente, ela se abaixou instintivamente para ajudá-lo a se levantar.

Ao fazê-lo, sentiu que ele enfiava discretamente algo em seu bolso.

Se fosse qualquer outra pessoa, certamente não teria notado esse pequeno movimento que estava perfeitamente oculto.

No entanto, como alguém que esteve no exército, Katerina sempre teve total controle de tudo ao seu redor.

Ela estava vestindo seu traje formal com uma camisa bege dobrada sobre uma calca branca, embora ela quase tenha tirado aquele objeto, ela se conteve ao perceber que não sentia nenhum perigo na situação.

Na verdade, seus sentidos foram treinados para serem afiados, e ela confiava neles explicitamente. Assim, depois de levantar o homem, ela apenas olhou para ele sem expressão antes de lançar um breve olhar para o bolso.

Vendo que ela realmente tinha notado, Olfax sorriu enquanto levava discretamente a mão ao ouvido e agradecia Katerina antes de deixar o palco.

Toda essa troca ocorreu nos poucos segundos em que a atenção de todos estava firmemente fixada na história assustadora da garotinha elfa.

De fato, mesmo Eldara que estava ao lado de Katerina não conseguiu observar nada digno de nota.

Depois de alguns momentos, uma voz ressoou na mente de Katerina o que a fez arregalar os olhos de surpresa.

“Senhorita Katerina, não há tempo para apresentações e precisamos de sua ajuda. Como alguém que já esteve no exército, você sabe muito bem que a ex-Rainha de Eldinor, Eldara, é a responsável pelo comércio de escravos. Sei que escolheu candidatar-se às eleições porque, embora saiba disso, não tem provas. De fato, a ex-Rainha é muito meticulosa e fez questão de não deixar nenhum rastro. A ÚNICA coisa que a conecta ao crime é um tipo de proteção contra falhas que ela tem em seu corpo. Se tudo correr como esperamos, em breve haverá uma situação em que ela o ativará. Você é quem deve detê-la e pegá-la em flagrante com o objeto que é a raiz de tudo. Lembre-se, se você for muito lenta, essas 100 crianças elfas morrerão. Todos nós dependemos de você, senhorita Katerina. Por favor assuma este dever de servir a Eldinor novamente.”